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terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Rambling

Tenho para mim que não fui feito para escrever. Qualquer coincidência com a realidade é pura semelhança.

domingo, 16 de agosto de 2009

Devaneios I

Carrego comigo esta certeza de que o sono é algo de inútil, senão mesmo muito inútil. Claro que compreendo os benefícios indispensáveis daquelas oito horas de olhos fechados - nem sempre - e percebo que sem dormir morremos.

No entanto, faz-me confusão que passemos um terço da nossa vida a fazê-lo. Demasiado tempo perdido, sem ler este ou aquele livro, sem ver um filme, sem dar um passeio nocturno - isto para quem dorme de noite - ou estar com aquela pessoa importante.

Se pudesse não inventaria a cura para a Sida ou, num plano mais metafísico, não criaria a poção da juventude eterna, mas um elixir que nos permitisse não necessitar de dormir. Isso sim, seria uma descoberta magnífica.

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Das saudades

Podia ser mais fácil definir esta coisa de que tantos padecem, uma espécie de moléstia que nos ataca e que pesa no coração, nos restringe os pensamentos e nos torna pesarosos. Não é uma doença - sim, considero que o seja - qualquer, mas um enfado da alma. E para isso ainda não inventaram uma cura cientificamente testada.

Saudade é querer ter nos braços quem está longe, suspirar urgentemente pelo cheiro, querer por perto um sorriso, ansiar por um beijo. É ter insónias dolorosas, como se padecessemos de uma dor de dentes e é, no entanto, bem pior do que isso. Mezinhas e ervas medicinais não existem para curar um ataque de saudades.

Lembro-me de estar contigo, deitados lado a lado, como se o mundo fosse apenas o espaço que nos separava - quase nenhum. E lembro-me de não querer que existisse mundo e puxar-te para mais perto até respirar pelos teus cabelos escuros fora, enredar os dedos nos teus, finos e longos, de unhas brilhantes de verniz escarlate, descobrir todos os teus sinais e marcas deixadas pelo sol, querer guardar na memória cada pedaço de pele morena e o brilho dos teus olhos amendoados. Queria adormecer assim para sempre, sem a urgência do coração e do toque a pedir mais por estares longe, com o teu calor misturado no meu e a escutar a tua respiração tão leve.

Saudades é querer de volta momentos que se foram tornando lembranças, recriá-los vezes sem fim até que se transformem em doces rotinas. O teu sorriso pela manhã, ao som dos raios de sol a entrarem, abafados pelos cortinados, e depois o teu "bom dia" de voz ensonada e o não querer deixar-te sozinha, com medo que desaparecesses. Saudades são este tormento, que faz com que não te esqueça nunca, nem durante as tarefas mais corriqueiras.

Quando desapareceste quis-te tanto de volta que não dormi, quis tanto o teu calor que me enredei em cobertores em pleno verão e não lavei os lençóis até ter a certeza de que o odor que ali permanecia era apenas o meu. De vez em quando, tenho a impressão de sentir o teu aroma por aqui, trancado na parede onde te encostavas quando o sol te enfastiava de tanta quentura, ou em todos os objectos que tocaste e que eu deixei tal como estavam durante muito tempo.

Quando penso em ti, fazes-me sentir tantas saudades que não me lembro de quem sou.

terça-feira, 11 de agosto de 2009

just my luck?

Há aquelas alturas na vida em que tudo corre bem ou melhor do que até aí - o que não quer dizer que tudo seja perfeito, mas que tudo nos parece perfeito porque nunca tínhamos experimentado tal -, o que nos faz sair de casa a assobiar e encarar a rotina com outro fôlego. São aquelas alturas em que os planos parecem todos exequíveis, as amizades inabaláveis, os amores inquebráveis.

Não estou a escrever sobre isto por estar numa dessas fases, mas porque tenho receio delas. Tudo no mundo vem aos pares e isso inclui a sorte e o azar. O problema é a distância que os separa não ser suficiente para que tudo corra bem e, por isso mesmo, sempre que a vida me sorri eu desconfio e olho à volta, como se temesse estar a ser perseguido - e é precisamente isso: temo estar a ser perseguido pelo azar.

Não percebo se é por estarmos demasiado enredados na nossa sorte que os azares parecem bem maiores depois de uma boa fase ou se é mesmo porque nada nos é fornecido de graça e por cada coisa boa que nos acontece, temos de pagar o dobro ou o triplo a alguma entidade divina.

Ocorreu-me isto hoje, enquanto pensava que prefiro estar assim como estou, numa fase contrabalançada em que as sortes que me calham não são espectaculares e os azares não são desastrosos. Viva o mediano!

sábado, 18 de julho de 2009

Note

Há por aí um grande falatório que me desgasta os nervos e que me fez decidir expôr publicamente a minha opinião sobre o assunto: ter sensibilidade não significa necessariamente ter tendências homossexuais. Eu sei que são raros os homens heterossexuais que lêem livros e vêem filmes com um lado mais sensível, feminino se preferirem, ou telenovelas ou músicas de mulheres como Madonna. Mas que os há, há. E não quer dizer que sejam efeminados, são apenas mais abrangentes nas suas escolhas artísticas.

Se há coisa que me tira do sério são os ares enviosados nos transportes públicos quando me ponho a ler livros, de todo, ou quando leio livros de cariz sensível, estilo Norah Roberts. Eu gosto de ler e leio de tudo um pouco, independentemente do que isso me faz parecer. Da mesma forma que, confesso, vejo telenovelas.

Não vejo problema algum e penso que isso não põe em causa as minhas tendências sexuais - bem conservadoras, devo acrescentar.

terça-feira, 12 de maio de 2009

A vida segue lá fora

Olho pela janela e penso seriamente em vender a alma a algum demónio ou ao diabo quem sabe, por umas horinhas vagas. Para pôr leituras e amigos em dia, para ver filmes rodeado de pipocas, para ir àquelas lojas cheias de livros, cd's e dvd's e outras coisas e estourar o cartão multibanco; para ver a lua, para dividir meias de leite, para pensar que posso ficar acordado até mais tarde e aproveitar a noite sem pensar que se calhar devia era ir dormir.

O pior de tudo é esta ausência de mim próprio que me afasta daqueles de quem gosto (tanto). Sinto falta de conversas lunáticas, de rir despreocupadamente, de fazer coisas espontâneas. Se por um lado penso que isto é importante profissionalmente falando, por outro penso que estou a perder coisas importantes e que um dia me vou arrepender seriamente de não ter prestado mais atenção a outros aspectos. Sou um pouco paranóico nestas coisas e tenho um medo tremendo de estar demasiado focado em coisas que não deveriam ser tão prioritárias. E tenho medo de acabar por ficar sozinho e tornar-me num velho solteirão e rezingão.

E agora... mais trabalho me espera.

domingo, 12 de abril de 2009

You really gotta hold on me



I don't like you, but I love you
Seems that I'm always thinkin' of you
Oh, you treat me badly
I love you madly
You really gotta hold on me
(You really gotta hold on me)
You really gotta hold on me
(You really gotta hold on me)

I don't want you, but I need you
Don't wanna kiss you, but I need to
Oh, you do me wrong now
My love is strong now
You really gotta hold on me
(You really gotta hold on me)
You really gotta hold on me
(You really gotta hold on me)

I love you and all I want you to do is just
hold me
hold me
hold me
hold me...

I wanna leave you, don't wanna stay here
I don't wanna spend another day here
Oh, you do me wrong now
My love is strong now
You really gotta hold on me
(You really gotta hold on me)
I said you really gotta hold on me
(You really gotta hold)

I love you and all I want you to do is just
hold me
hold me
hold me
hold me...

Hold me...

A tradução (muito livre) das partes mais significativas da música seria qualquer coisa como: Eu não gosto de ti, mas amo-te/Parece que estou sempre a pensar em ti/ Oh, tratas-me mal/Eu amo-te loucamente (...) Eu não te quero/mas preciso de ti...

A interpretação (nada livre) serias tu e eu. Ou melhor eu acerca de ti. É preciso dizer mais? Por que te afastas assim, quando eu me aproximo? Por que pareces tão próxima quando estou junto de ti e depois tão distante, quando nos despedimos? O que muda nesse espaço de tempo em que os meus olhos te vêem cada vez mais longe e depois o coração estrebucha de saudade e o espírito se arrepia por sentir a tua falta e o sono falta-me e, quando finalmente vem, é atormentado por pesadelos? O que muda, o que acontece quando nos separamos no espaço e no tempo?

I really gotta hold on you. Se isso fosse suficiente, coseria a minha pele à tua roupa e não mais te deixaria. Mas é pena, porque não chega. E o pior é que... you really are something special. E é por isso que dói.

terça-feira, 17 de março de 2009

Retorno

Para o regresso ao mundo cibernáutico ficar completo, já só faltava um post. Ando ocupado com coisas, daquelas que nos tiram o sono e nos fazem viver em constante stress. E de repente, um convite dissimulado faz-nos abandonar tudo e seguir para um mundo encantado, de realidades paralelas, de sonhos partilhados, de conversas sem sentido, de bebidas quentes oferecidas na noite quente. Tem sido sempre assim: encontros a horas impróprias, conversas impróprias, gestos impróprios, sempre acompanhados de meias de leite. Aquele ritual.

Por vezes precisamos de alguém que nos puxe para fora da realidade, para a surrealidade da imaginação. Alguém que nos conte estórias como só ela sabe, alguém que nos embale na sua voz adocicada com travo a caramelo, alguém que nos faça rir até da tristeza, alguém que se ria por tudo e por nada (mesmo quando parece soterrada de problemas e dúvidas existenciais) alguém lunático e indeciso, alguém que tenha todas as características de uma criatura imaginária. Porque é por tudo isso que o caos existe: para ser dissolvido em conversas ligeiras, como um snack mental, um coffee break da alma.

Sabe bem desabafar e proferir impropérios e resmungar contra o mundo e mostrar o dedo do meio e sermos nós próprios, nem que seja de vez em quando. Há vezes que valem por muitas.

Tenho-me deixado levar por uma maré de trabalho, de incompreensões, de desânimos, de meias de leite a quem não merece, de memórias esgotantes, de afectos desapegados. Com o peso do mundo nas costas. E afinal, é tudo tão simples de resolver. Vou fugir. Assim sem mais nem menos. Sem avisar ninguém, sem telemóvel, sem expectativas, sem companhia. Talvez já amanhã.

sábado, 24 de janeiro de 2009

Escrever

Quando queremos escrever, mas não temos assunto, refugiamo-nos em rotinas. Banalidades. Casualidades. Intimidades. Lixo televisivo. Devaneios. O tempo, o eterno refúgio (se bem que na escrita não tem tanto impacto como numa conversa).

Admiro quem escreve por gosto e não se cansa. Quem consegue passar um dia de trabalho debruçado sobre palavras. Admiro quem quer passar um dia inteiro a lidar com elas. Moldando-as, transformando-as, criando histórias. Quem consegue fazê-las passar pelo buraco da fechadura que é o bloqueio. Gostava que as palavras me amassem tanto como eu as amo. De verdade. Mas é fácil amar o que não tem defeitos, certo?

domingo, 18 de janeiro de 2009

Ponto final

Às vezes, o melhor é não olhar para trás nem para baixo. O melhor é olhar em frente, para o que ainda há-de vir. Mesmo que não venha, quando estivermos à frente, não vamos estar a olhar para trás, para o que não veio. Wise words de uma amiga. Pode ser que citando o que disseste lhe dês mais importância. Vá lá, isto é só uma fase menos boa. Olha para a frente. De certeza que só virão coisas boas.

quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

...

O tormento das palavras que não saem. Ficam engasgadas na garganta, na ponta dos dedos, às vezes debaixo da língua. Sufocam. Martirizam. Quisera eu ser escritor - como se isso resolvesse o problema, na verdade só piora - ou simples poeta. Pena as palavras serem as minhas piores inimigas (ainda não aprendi a gostar delas). Por enquanto, deixo-me levar pelos silêncios. Deles gosto. Não ferem os ouvidos, não atormentam os olhos, são leves ao tacto. Vou-me deixar afundar na ausência de palavras. O monólogo do silêncio...

terça-feira, 6 de janeiro de 2009

My coffee latte nights

Consigo sentir o sabor da tarte, o doce da massa e o ligeiramente ácido dos mirtilos, o morno da cozedura e o frio do gelado de baunilha, tudo num só toque de lábios. Imagino as nossas mãos dadas em cima da mesa, o teu toque quente na pele ferida pelo vento, olhos fixos nos meus. Ao longe uma melodia de voz grave, como um mar que nos afoga pouco a pouco.



Obrigado a esta amiga, por me ter obrigado a ver este filme. Trouxe-me memórias e expectativas, tudo numa só vaga. Não é que tenha gostado muito do enredo, mas dei por mim a não dar por mim. E na melhor das companhias.

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Memórias

Há tantas coisas que me passam pela memória! Momentos, essencialmente, e alguns versos que decorei sem querer, músicas, sorrisos e aromas. Tudo isso fica guardado, mas muitas vezes me pergunto para onde vão esses pedaços de mim e das minhas vivências quando eu deixar de existir.

Mas estas coisas metafísicas e algo filosóficas deixam-me consternado, afogam-me em dúvidas e silogismos sem fim e acabo por questionar: não será a memória um grande desperdício?

Disseste-me que não, que recordar é (re)viver. Eu concordei, mas não deixei de indagar: de que serve a memória se a nossa mente não existir? São questões que só me passam pela cabeça de vez em quando, especialmente quando tudo está tranquilo - é na tranquilidade que surgem as perguntas que me colocam no estado de espírito de sempre (inquietude).

Não quero recordar pedaços de memória que doem. Acima de tudo, não quero recordar as agulhas que foram espetadas no coração. De resto, não me importo de me lembrar de tudo aquilo que ainda hoje me faz sorrir. Seria tudo muito mais fácil se a memória tivesse um botão de 'on' e 'off', disse alguém com quem partilho luares frequentemente. É verdade. Mas nada que valha a pena é fácil, disse outro alguém. E aqui me divido entre dois pontos de vista que não fazem mais do que perturbar esta mente já de si atribulada.

Se há coisa que quero recordar, são as estórias, aquelas pequenas estórias com que se constroem as vidas e que nos transformam constantemente em quem nós somos.