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terça-feira, 17 de março de 2009

Retorno

Para o regresso ao mundo cibernáutico ficar completo, já só faltava um post. Ando ocupado com coisas, daquelas que nos tiram o sono e nos fazem viver em constante stress. E de repente, um convite dissimulado faz-nos abandonar tudo e seguir para um mundo encantado, de realidades paralelas, de sonhos partilhados, de conversas sem sentido, de bebidas quentes oferecidas na noite quente. Tem sido sempre assim: encontros a horas impróprias, conversas impróprias, gestos impróprios, sempre acompanhados de meias de leite. Aquele ritual.

Por vezes precisamos de alguém que nos puxe para fora da realidade, para a surrealidade da imaginação. Alguém que nos conte estórias como só ela sabe, alguém que nos embale na sua voz adocicada com travo a caramelo, alguém que nos faça rir até da tristeza, alguém que se ria por tudo e por nada (mesmo quando parece soterrada de problemas e dúvidas existenciais) alguém lunático e indeciso, alguém que tenha todas as características de uma criatura imaginária. Porque é por tudo isso que o caos existe: para ser dissolvido em conversas ligeiras, como um snack mental, um coffee break da alma.

Sabe bem desabafar e proferir impropérios e resmungar contra o mundo e mostrar o dedo do meio e sermos nós próprios, nem que seja de vez em quando. Há vezes que valem por muitas.

Tenho-me deixado levar por uma maré de trabalho, de incompreensões, de desânimos, de meias de leite a quem não merece, de memórias esgotantes, de afectos desapegados. Com o peso do mundo nas costas. E afinal, é tudo tão simples de resolver. Vou fugir. Assim sem mais nem menos. Sem avisar ninguém, sem telemóvel, sem expectativas, sem companhia. Talvez já amanhã.

terça-feira, 6 de janeiro de 2009

My coffee latte nights

Consigo sentir o sabor da tarte, o doce da massa e o ligeiramente ácido dos mirtilos, o morno da cozedura e o frio do gelado de baunilha, tudo num só toque de lábios. Imagino as nossas mãos dadas em cima da mesa, o teu toque quente na pele ferida pelo vento, olhos fixos nos meus. Ao longe uma melodia de voz grave, como um mar que nos afoga pouco a pouco.



Obrigado a esta amiga, por me ter obrigado a ver este filme. Trouxe-me memórias e expectativas, tudo numa só vaga. Não é que tenha gostado muito do enredo, mas dei por mim a não dar por mim. E na melhor das companhias.

domingo, 14 de dezembro de 2008

Artigo primeiro (em jeito de começo atribulado)

Às vezes penso que estou obcecado. Muitas vezes tenho a certeza.

Deixamo-nos embalar pelas horas que passam sem nos darmos conta, envolvemo-nos em atmosferas que criamos com as palavras que nos saem sem que as consigamos controlar, brincamos com argumentos e saboreamos os sonhos, aqueles que nos tomam conta da mente quando estamos distraídos. Ficamos doloridos de nós próprios, mas sedentos das palavras do outro - o paradoxo que nos define? - como se não nos falássemos há anos e anos - será isto normal?

A tua presença carrega uma certa leveza - não aquela que é insustentável ao ser, longe disso! - e não consigo deixar de me embrulhar na tua aura, nas tuas gargalhadas tão fáceis de despertar do teu diafragma de bailarina, nos sonhos que partilhas comigo.

Em jeito de começo, algo atribulado, me rendo às palavras que me faltam e assim termino o artigo, o primeiro. De muitos. Na tua companhia. Doce musa.